domingo, 25 de julho de 2010

pornocultura e gravidez precoce

Os resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher mostram um aumento no número de mulheres que estão iniciando a vida sexual mais cedo. O estudo, publicado em matéria do jornal O Globo, detectou que o porcentual de jovens que têm a primeira relação sexual aos 15 anos saltou de 11% para 32%. O total de adolescentes com idade entre 15 a 19 anos que se declararam virgens caiu de 67,2%, em 96, para 44,8% em 2006.

Para estudiosos, a precocidade na vida sexual é um desafio a ser enfrentado pelo governo. "É um número preocupante e que merece toda a nossa atenção", disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

As meninas estão também se tornando, cada vez mais, mães prematuras. O número de grávidas de 15 anos quase dobrou nos últimos dez anos: saltou de 3% para 5,8%. Segundo o estudo, 32% das mulheres de 15 a 19 anos mantiveram a primeira relação sexual com 15 anos ou menos.

O quadro, impressionante e preocupante, poderá levar, mais uma vez, aos diagnósticos superficiais e, por isso, míopes: investir mais dinheiro público em campanhas em favor do chamado "sexo seguro". A camisinha será a panacéia para conter a epidemia da gravidez precoce. Continuaremos, todos, de costas para a realidade. Sucumbiremos, outra vez, à síndrome do avestruz. Cuidaremos das conseqüências, mas contornaremos suas verdadeiras causas: a hipersexualização da sociedade e o medo de educar.

O governador de São Paulo, José Serra, quando ministro da Saúde do governo FHC, comprou uma briga com a apresentadora de TV Xuxa Meneghel. Serra, então, foi curto e grosso ao analisar as principais causas do crescimento da gravidez precoce: "É um absurdo acreditar que a criança vá ter maturidade para ter um filho com essa idade. Pregar a abstinência sexual de meninas de 11 a 14 anos não significa ser careta, mas responsável." O ex-ministro responsabilizou a programação das TVs, considerando absurdas as cenas de sexo. "Já morei em dez países e em nenhum deles vi tanta exploração de sexo", enfatizou Serra. A preocupação do então ministro, cuja trajetória pessoal e política não combina com histerias conservadoras, era compreensível e lógica. Apoiava-se, afinal, no bom senso e na força dos fatos. De lá para cá, como mostra a mais recente pesquisa demográfica, as coisas não melhoraram. Pioraram. E muito.

A culpa, no entanto, não é só da TV, que freqüentemente apresenta bons programas. É de todos nós - governantes, formadores de opinião e pais de família -, que, num exercício de anticidadania, aceitamos que o País seja definido mundo afora como o paraíso do sexo fácil, barato, descartável. É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um oásis excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras e fantasias sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com o conhecimento ou até mesmo com a participação de autoridades públicas, crescem à sombra da impunidade.

O governo, acuado com o crescimento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, pretende investir pesadamente nas campanhas em defesa do preservativo. A estratégia não funciona. Afinal, milhões de reais já foram gastos num inglório combate aos efeitos. O resultado está gritando na pesquisa mencionada neste artigo. A raiz do problema, independentemente da irritação que eu possa despertar em certas falanges politicamente corretas, está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, o sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.

Atualmente, graças ao impacto da TV, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que qualquer adulto de um passado não tão remoto. Não é preciso ser psicólogo para que se possam prever as distorções afetivas, psíquicas e emocionais dessa perversa iniciação precoce. Com o apoio das próprias mães, fascinadas com a perspectiva de um bom cachê, inúmeras crianças estão sendo prematuramente condenadas a uma vida "adulta" e sórdida. Promovidas a modelos, e privadas da infância, elas estão se comportando, vestindo, consumindo e falando como adultos. A inocência infantil está sendo assassinada. Por isso, a multiplicação de descobertas de redes de pedofilia não deve surpreender ninguém. Trata-se, na verdade, das conseqüências criminosas da escalada de erotização infantil promovida por alguns setores do negócio do entretenimento.

As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce batem de frente com novelas e programas de auditório que fazem da exaltação do sexo bizarro uma alavanca de audiência. A iniciação sexual precoce, o abuso sexual e a prostituição infantil são, de fato, o resultado da cultura da promiscuidade que está aí. Sem nenhum moralismo, creio que chegou a hora de dar nome aos bois, de repensar o setor de entretenimento e de investir em programação de qualidade.

O custo social da gravidez precoce é brutal. Repercute direto na fatura da saúde pública, despedaça a juventude, compromete a educação e desestrutura a família. A solução não está no marketing dos preservativos, mas num compromisso sério com a família e a educação.

O resgate da juventude passa pelas políticas públicas de recuperação da família e de investimentos na educação integral. Família sadia e boa educação são, em todo o mundo, a melhor receita para uma sociedade amadurecida. Trata-se de uma responsabilidade que deve ser exigida e cobrada pela sociedade e pelos eleitores. emersonluiz1969@bol.com.br, emerson1969@r7.com

o amor é tudo,sem amor não há felicidade

Em maio, muita gente costuma casar – ou juntar escovas, como queiram. Fica aqui nossa maior torcida para que novas e belas histórias de amor estejam começando ou se consolidando neste mês. Para garantir, não custa nada dar uma espiadinha em alguns verbos que ajudam a entender por que alguns casamentos dão certo e outros não.

Certamente muitas razões podem influir para que a viagem amorosa que está começando seja navegada em mares tranqüilos ou revoltos. Não há fórmulas infalíveis para que tudo dê certo, mas com certeza há alternativas de comportamento que podem facilitar as relações. Vamos recorrer a alguns verbos.

Falar - Ah, como é importante cada parceiro expressar ao outro seus sentimentos. Todos. Seja para dizer “te amo”, seja para dizer “você me magoou”. Nenhum parceiro é telepata, não vai ler seus pensamentos – logo, é preciso verbalizá-los para que se tornem objeto de diálogo. Muitas relações literalmente afundam porque usam a metáfora do iceberg. Só cuidam da pontinha externa do problema, aquela que aparece na superfície e muitas vezes é levada na brincadeira - mas deixam de administrar seriamente a essência do problema, aquela imensa quantidade que está submersa. E porque não aparece, nunca é discutida - como jogar as cinzas debaixo do tapete. Quanto mais o casal expressar seus sentimentos e pensamentos, menor será o pedaço oculto do iceberg.

Ouvir - Um parceiro só conseguirá falar se o outro se dispuser a ouvir. Alguns parceiros de relações que já estão se esvaindo, costumam falar para as paredes ou para seus próprios botões porque o outro está “ausente”, mesmo estando presente. Ouvir significa estar ligado, no aqui e agora. Olhos nos olhos – e não no jornal ou na televisão. Este é um verbo importante: ouça atentamente seu parceiro e leve a sério o que ouve, por mais fútil, superficial ou incorreto que você considere. Respeite a sensibilidade dele. Depois você poderá fazer seus comentários a respeito e então será a vez do outro ouvir.

Compreender - Cada pessoa julga ter suas verdades e as defende com unhas e dentes, muitas vezes aos gritos. Ora, sabemos que toda verdade é relativa e por isso precisa ser constantemente reavaliada, contestada e às vezes até reformulada. É preciso que o parceiro pratique a empatia, ou seja, se coloque no lugar do outro para procurar entender suas razões. Pode até acontecer que você não concorde com os motivos que o parceiro alega, mas isso não quer dizer que você esteja certa e ele errado. São apenas pontos de vista diferentes. Muitas discussões e conflitos conjugais acontecem porque um dos parceiros, ao começar o “diálogo”, já está previamente decidido a não aceitar as explicações do outro. Para concordar ou discordar, é preciso ouvir e refletir a respeito, levando em conta as motivações do parceiro.

Negociar -. Uma relação tem muito mais oportunidades de sobreviver quando os seus parceiros estão dispostos a fazer concessões. Ao se unir a outra pessoa, nenhum dos parceiros precisa abrir mão das suas características e hábitos pessoais; é o que se chama “manter a individualidade”. Um casal é constituído por dois indivíduos e não por duas cópias. Portanto, haverá diferenças individuais entre o casal, E para que tais diferenças não afetem a harmonia da relação, É preciso que sejam administradas através de uma negociação que satisfaça a ambos. Não funciona mais essa historia do “eu sou assim e se me quiser tem que ser assim”. Cada um deve procurar agir de forma a preservar e reforçar cada vez mais a relação sem invadir os direitos do outro, mas também sem se sentir invadido.

Namorar - Este é o verbo óbvio. Independente de quanto tempo esteja junto, o casal precisa e deve namorar – cada um no seu estilo e na sua intensidade. Do período do namoro ao do casamento, as emoções não desaparecem, apenas mudam de essência, foco e características. A sedução, o desejo, o carinho – tudo isso deve e pode ser preservado ao longo dos anos – desde que o casal mantenha motivação e criatividade para isso. Tudo numa relação pode ser inovado, reformulado e reconstruído. Se houver amor, claro.

Na verdade, o Amor usa muitos verbos para contar sua história, mas por enquanto vou limitar-me a apenas estes cinco. Talvez em outro artigo eu complemente a lista – mesmo que não seja maio...
emersonluiz1969@bol.com.br... emerson1969@r7.com

PAI E MÃE RESPONSAVEL

Uma jovem professora de pré-escola me dizia que lhe causa muita tristeza ouvir repetidas vezes, de uma aluninha sua, este comentário: "Meu pai se separou da minha mãe, mas ele continua dando dinheiro para a comida."

Por que insiste nisso a pequena? Que estranha necessidade tem de valorizar tal atitude do pai, de modo a defendê-lo, justificá-lo diante dos coleguinhas e, especialmente, diante de si mesma? A menina sofre, porém não acusa o pai. Defende-o por amor. Tenta encobrir, com os argumentos que lhe ocorrem, a ausência paterna. E insiste no assunto, para que não persistam dúvidas.

Sabemos que esse exemplo não é um fato isolado. Antes, constitui hoje ocorrência muito freqüente os pais que se separam. Por isso é preciso armar-se de coragem e examinar a questão por outro ângulo: constitui hoje ocorrência muito freqüente filhos que sofrem desorientados, massacrados pelo conflito de constatarem a desunião daqueles para quem se inclinam amorosamente. Não raro, vêem-se divididos nos seus afetos, sofrendo remorsos.

Cada filho é um bem em si mesmo, por mais dificuldades que sua vinda acarrete. Está situado no ponto de encontro do amor entre o pai e a mãe, vem confirmá-lo, fortalecê-lo, aprofundá-lo. Cada filho exige dos pais um aprimoramento no exercício de se doar pelo bem de outrem, apela ao seu interior, à razão e à sensibilidade; clama por identificar neles a grandeza natural a que todo homem procura se ordenar, a imagem onde espelhar-se... E quando essa expectativa se frustra, frustra-se também boa parte de suas mais nobres aspirações.

Ninguém ignora que a convivência no lar pode ser abalada por fatores internos e circunstâncias externas, que ameaçam reduzir o amor a um jogo de egoísmo e orgulho. Mas uma arraigada convicção do valor da paternidade e da maternidade pode ser um antídoto eficaz para não sucumbir a certas solicitações, ainda que a opinião pública, nestes tempos de muita paixão e pouco amor, incentive a prevalência das fraquezas humanas sobre um ideal maior, de dignidade e honradez.

E como adquirir essa convicção? No caso da mulher, a constituição física, bem como a sua estrutura psicofísica, comportam em si a disposição natural para a maternidade. Além disso, a disponibilidade da mulher ao dom de si e ao acolhimento da nova vida completa o cenário que a predispõe para a maternidade como fato e fenômeno humanos. Uma vez concebido o filho, recai sobre a mãe o peso de lhe entregar as energias de seu corpo e de sua alma. Já se vê que a convicção do valor da maternidade tem muito mais possibilidades de se arraigar na mulher do que o da paternidade no homem. Afinal, o homem encontra-se sempre fora do processo de gestação e nascimento da criança. Deve, portanto, aprender da mãe de seus filhos a sua própria paternidade, esforçando-se por desenvolver em seu íntimo a capacidade de dar atenção à pessoa concreta do filho. Ao mesmo tempo, deve reconhecer que tem um débito especial para com a mulher, no conjunto dos fatos que os fazem genitores.

Nas últimas décadas, sob a pressão dos conflitos desencadeados pelo movimento feminista, muito se tratou do tema da maternidade. Já a paternidade não tem despertado tanta reflexão, como se fosse possível tratar os dois temas isoladamente. Não sei até que ponto essa dissociação no campo teórico pode ter contribuído para a dissociação na prática, mas o fato é que os casais chegam a acreditar que a sua separação nada tem a ver com a educação dos filhos. Como se a educação dos filhos não exigisse a dúplice contribuição dos pais, e o seu bom e amoroso relacionamento não contribuísse para a felicidade deles. E como se a separação não concorresse para a insegurança, favorecendo o desestímulo e as frustrações dessas crianças e jovens.

Cabe também destacar que - por conta de uma mal entendida realização feminina, que situou a importância profissional e social da mulher apenas fora do lar - a maternidade viu-se pressionada a reduzir-se à mera reprodução, a uma função fisiológica que não envolveria a essência feminina. Ora, essa redução da maternidade equivaleu também a reduzir a paternidade. O homem virou sêmen congelado, como já o vem apontando há algum tempo Antonieta Macciocchi, uma das intelectuais feministas de maior destaque na Europa.

Dar dinheiro para a comida, sair a passeio nos fins de semana, resolver problemas - na maioria das vezes financeiros - pelo telefone... Tudo sem tocar no nome da mãe. Cria-se com freqüência uma situação perversa: a mãe, a quem cabe geralmente a guarda dos filhos, é a figura que exige deles uma certa conduta no dia-a-dia, enquanto o pai se situa no lado do prazer, dos passeios inesquecíveis nos fins de semana. Que distância do convívio familiar global, quando pai e mãe providenciam o sustento da família, administrando os momentos de trabalho e lazer, resolvendo os problemas juntos, esquecendo-se de si para atender aos outros, relevando, superando os conflitos!

Evidentemente, as crises matrimoniais não são desencadeadas exclusivamente pelos maridos, mas, já que comemoramos o Dia dos Pais, seria muito pedir-lhes que reflitam sobre a essência da paternidade? O que deve haver para além da disposição (aliás, louvável) de levar os filhos pequenos ao colo entre a multidão que se movimenta nos shoppings? O que há para além do dinheiro que custeia as modas? Será que os filhos não observam mais nada? E, se observam, o que têm para ver? O que se lhes oferece como exemplo de firmeza de caráter, responsabilidade, persistência, honestidade, paciência, sinceridade? Sabemos que as virtudes só falam quando são vividas. Quem sabe um pouco de reflexão, boa vontade e disposição humilde de retificar ofereçam uma chance a tantos adolescentes desiludidos em conseqüência das tristezas que vivenciam no lar. Será que não vale a pena, papai? (Será que não vale a pena, mamãe?) emersonoliveira07@gmail.com ...emersonluiz1969@bol.com.br,...emerson1969@r7.com